Temática sexual invade livros de romance em tempos de crise

Publicações dos ‘pornôs para mamães’ têm conseguido êxito no mercado.

10/08/2012 06h06 – Atualizado em 10/08/2012 08h54
 
Para Mario Vargas Llosa, “fazer amor em nossos dias, no mundo ocidental, está mais relacionado à pornografia do que ao erotismo”, uma ideia que se reflete em livros de grande êxito no mercado atual, como a trilogia “Fifty shades of grey” (“Cinquenta tons de cinza”), de E.L James, e outros títulos que devem chegar ao mercado até o final do ano.

Uma tendência que algumas editoras passaram a chamar “pornô para mamães”, um novo pseudo gênero comercial voltado para mulheres – que são as que mais livros leem, segundo todas as pesquisas -, e que faz com que as editoras busquem títulos dentro dessa linha para fugir das adversidades da crise.

Assim, a HarperCollins, uma poderosa editoria anglo-americana, parece que já encontrou o sucessor da trilogia “Cinquenta tons de cinza”, que já vendeu mais de 15 milhões de exemplares. Trata-se de “Indiscretion”, de Charles Dubow, a nova aposta de tema sexual que, curiosamente, será lançada na Espanha (em outubro, pela Editora Planeta) primeiro que nos Estados Unidos, onde deverá chegar somente em 2013. No Brasil, ainda não há previsão para este lançamento.

“Indiscretion” deve subir um degrau em relação à temática sexual, já que conta com abundantes cenas explícitas e será dirigido às “mulheres que querem mais”, como informa seu anúncio publicitário.
Temas como infidelidade e descontentamento com a relação percorrem as páginas deste livro com grande tensão erótica e sexualidade, exaltando glamorosos cenários (Nova York, Paris e Roma), cenas sofisticadas e um ambiente cosmopolita, além do bem-sucedido (financeiramente) casal de protagonista – ingredientes que os editores julgam ideal para superar a crise econômica.

“Esta vez não há como resistir, não pode. Então, ela está sobre ele, a cavalo, e tira o vestido pela cabeça. Os pontos negros de seus peitos ressaltam sobre seu pálido corpo no resplendor azul do quarto. Seus braços lhe rodeiam, seu cheiro, a suavidade de sua pele”, diz o trecho do romance do norte-americano Charles Dubow.

Mas, antes da chegada deste suposto novo sucesso, o mundo editorial – que sentiu de maneira significativa os efeitos da crise, com uma grande queda de vendas -, está cheios de títulos com conteúdo amparado no tom erótico, sexual e mórbido, outra característica que também anda sendo muito usada nos romances atuais.

“Cada gota de tu vida” (Alienta), por exemplo, é outro livro que veio a ser classificado como “pornô para mamães”. Trata-se do primeiro romance da poeta Yolanda Saénz de Tejada, que propõe, através de quatro mulheres protagonistas, um jogo erótico com o objetivo de encontrar o “eu” oculto de cada uma delas e experimentar seus próprios limites.

O livro da escritora catalã Roser Amills, “As 1.001 fantasias eróticas e selvagens da história” (Parentésis), também apresenta um texto carregado de sensualidade. Isso porque, o livro tem objetivo de relatar as fantasias eróticas de célebres personagens, como Frida Kahlo, Marilyn Monroe, Einstein, Patti Smith, Salvador Dalí e Fidel Castro.

O italiano Fabio Volo, com seu livro “A primeira luz da manhã”, também leva calor às prateleiras com esse êxito de vendas não só em seu país, onde ocupou o primeiro posto das listas dos mais vendidos, mas no mundo todo. Neste, o autor se introduz na pele de uma mulher insatisfeita com seu casamento, mas incapaz de romper a relação ou tentar melhorar as coisas.

Com muitas descrições de cenas sexo em suas páginas, Volo se põe na pele desta mulher que, no final, descobre seu real desejo e se revela ao leitor, embora o autor tenha dito, em entrevista à Agência Efe, que não foi fácil de pontuar essa trama, já que falar de sexualidade é difícil para um narrador.

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